I
Pelas
límpidas e tágicas águas,
O
cacilheiro mareia.
Marítimas
aves poisam nas fráguas,
Tragando
písceos seres e o flúvio ondeia.
As
Ondinas e as Tágides surpreendem os viandantes,
Sob
a contemplação da hercúlea urbe, Ulisseia.
Olisiponense
admiração de almadenses olhos deambulantes,
Assim
se efectua esta triunfal odisseia.
III
Contemplam-se
róseas caravelas cnidárias,
Com
urticantes tentáculos remando.
Fugazes
aparições de delfins são lendárias,
Num
ápice nadando e bailando.
IV
No mito o nome do lusitano rei o rio tomou;
E
a cosmopolita cidade fundada pelo Grego
Que
lendárias intempéries atravessou.
Sente-se
no Coração a fábula de Ulisses e o rei Tago;
Selvaticamente
morto por Asdrúbal,
Estes
são os heróis que tornam o tágico rio um magno drago.
V
Ó
Tejo! Quanto nos maravilhas com a tua cobertura de espuma, formosura e primor!
Escumante
delírio sob o olhar de Olisipo e Almada!
Ó
Lisboa! Ó Almada! Vejam! Vejam este sublime flúmen que o seu marulho é como um
avernal clamor;
E
a sua frol é como ebúrneo icor de um tritão que nada.
VI
Através
da ventã do paquete o esplendoroso astro entra,
E
como uma incursão no éter, fulmina o flume alviceleste e a sua alva escuma.
Como
um atrabilioso touro o talássico manto no tagano rio adentra,
Exibindo
uma sebastianista bruma.
VII
O
advento quinto-imperialista regozija o ulisseu microcosmo como um consílio
furibundo,
O
ulissiponense alvor nos olhos em uníssono.
Ó
Tejo! Ó Olisipo! Ulisseia!
Emergindo
do gélido Averno um Minotauro iracundo,
Assim
é a nossa flama no nosso Cor; a nossa jubilante cólera na nossa lisboeta
cidade-mundo, um macrocosmos multíssono.
Mollitur
mare.
Quinta do Conde, 28 de Fevereiro de 2021.
Fernando Emanuel Pinheiro
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