Um Sonho Almejado

Um sonho.
Um almejo.
Um sonho almejado de um toque.
De um toque suave.
Gentil.
Passas os teus dedos pela minha armadura.
Pela minha alma.
Olhas para mim.
Vejo o meu paraíso de fundo verdejante.
Contemplo a vera cruz sobre os belíssimos montes.
As nossas portas carnudas do amor encontram-se e tocam-se uma na outra.
Troca de olhares cúmplices.
Um suspiro libertas.
Um suspiro emano.
Sorris.
É o sorriso mais belo de todos.
Suspiras o teu nome ao meu ouvido.
Tremo de felicidade.
Êxtase instantâneo.
Somos um colectivo turbilhão de alegria.
Deslisamos os dedos pelos fios presos às nossas cabeças.
O teu carinho tira-me a dor da vida.
A dor da fome e da pobreza.
A dor da saudade.
Acordo.
Era um belo sonho.
Lágrimas nos olhos.
A vida cruel continua.
Sinto a tua falta.
Saudades dos teus românticos suspiros.
Saudades da tua ironia.
Cada sílaba tua, cada palavra tua, traz uma ironia irresistível.
Uma ironia que ainda hoje me deixa desarmado.
Ao pé de ti, baixo as minhas armas e o meu escudo.
E levar-te por baixo da minha capa e abraçar-te.
Um abraço de afecto e desejo.
Sê a minha Beatriz, que eu serei o teu Dante.
Guia-me pelo gélido Cócito.
Eu não vejo no Inferno.
Não sinto no Purgatório.
Apenas te vejo e te sinto no Paraíso.
Guia-me, como os dois anjos guiaram a vera cruz.
E leva-me no teu seio.
Sê a minha luz, quando estou rodeado de treva.
E eu serei o teu serafim almejado.

Fernando Emanuel Pinheiro




05 de Dezembro de 2024.