Nos Estados Unidos; numa altura em que Iryna Zarutska, uma imigrante ucraniana; foi assassinada no metro; uma alegada lista de clientes de Jeffrey Epstein; julgado por abuso sexual de menores; na qual Donald Trump poderá ser um dos seus potenciais clientes; um massacre numa escola católica em Minneapolis por um anti-Trump; um massacre numa escola no Colorado e agora Charlie Kirk; o activista conservador de extrema-direita; fundador e director-executivo do Turning Point USA, orador do podcast Prove me Wrong onde ele dava aos jovens a oportunidade de provar que ele estava errado; era contra o aborto, a favor das medidas anti-imigração de Trump (era acusado de xenofobia e de discurso de ódio), considerava a homossexualidade e a transexualidade como pecado ou doença (era acusado de homofobia e transfobia; ele seguia apenas a Lei de Moisés onde a homossexualidade é vista como um pecado), não acreditava na existência de não-binariedade ou de hermafroditas; era a favor da guerra de Israel, da pena de morte e cidadãos andarem armados nas ruas, era nacionalista cristão (era a favor da união entre estado e igreja), evangélico (ele não era católico; mas a sua esposa, Erika Kirk, é que se afirma como católica) e militante dos MAGA (trumpistas ou apoiantes de Donald Trump - MAGA: Make America Great Again); é assassinado a tiro e a sangue-frio; quando ele exprimia o seu direito à liberdade de expressão numa faculdade; deixando duas crianças órfãs de pai.
Apesar de eu ter sido criado como católico; eu não concordava com Charlie Kirk em muitos aspectos relacionados com direitos humanos; nem o considero um santo ou mártir; era contudo um pai de família; sou um católico progressista e de centro-esquerda; e sou contra as acções abjectas e horripilantes de Donald Trump e Benjamin Netanyahu; e a Igreja Católica deve respeitar, amar e aceitar toda a gente seja qual for a sua etnia, identidade de género ou orientação sexual; mas nada justifica a morte de alguém (excepto casos de legítima defesa); a vida é um milagre da natureza ou, se acreditarem, de Deus. Abominável alguém apoiar a morte de um civil por ter uma ideologia política diferente. Matam-se ou combatem-se as ideias; não as pessoas. Inclusive Parker (do podcast Parker Get a Job) o rival ateu e de esquerda ficou triste com a morte dele; Barack Obama, os democratas e a centro-esquerda condenaram a execução bárbara. Enquanto a extrema-esquerda fazia memes a gozar com a morte de Kirk (por este ser a favor de civis andarem armados) nas redes sociais. Para uns ele é um herói, pai de família, santo, mártir, cristão, inclusive católico. Para outros ele é racista, xenófobo, homófobo, transfóbico, cruel e um pecador. Um santo e um pecador.
Kirk foi assassinado por ser apoiante de Donald Trump (ele não foi morto por ser cristão como afirma a propaganda trumpista nem é considerado um mártir pela Igreja Católica nem pode ser canonizado como santo; visto que ele não era católico; de acordo com a doutrina católica a alma dele só pode ir para o Purgatório para ser depois purificado dos seus pecados, caso não tenha morrido em estado de pecado mortal, pois quem morre em estado de pecado mortal e sem se confessar vai para o Inferno. Por isso o Papa Leão XIV e os fiéis católicos rezaram pela alma de Kirk para este poder ir para o Purgatório). Apesar de discordar veementemente dos seus ideais políticos e de achar que ele não era nenhum santo; ele não merecia morrer deixando crianças órfãs e uma família destruída; mas a culpa desta monstruosidade é do trumpismo alimentado por esse demónio que é o ultranacionalismo. Repito, matam-se ou combatem-se as ideias e não as pessoas; a sua morte não irá acabar com as atrocidades ou a ditadura de Donald Trump; pelo contrário irá aumentar a violência entre MAGA e antifas; enquanto Trump incentiva a essa violência manipulando cristãos; democratas e antifascistas. Trump manda as suas ovelhas para o matadouro em troca de adoração, um salão de baile e campos de golfe. Charlie Trump foi morto pelo trumpismo e pelo nacionalismo “cristão”. Os MAGA são, na sua maioria, nacionalistas cristãos e não são verdadeiros cristãos nem reconhecidos como católicos pela Igreja Católica; apesar de muitos trumpistas se afirmarem como católicos como J.D. Vance, Isabel Brown, Candace Owens (esta entretanto renegou os MAGA e é actualmente contra Donald Trump) ou Erika Kirk; pois o nacionalismo põe a nação acima de Deus, logo é uma heresia e um pecado. E são criticados por alguns católicos como os Franciscanos ou pelo Papa Francisco que fez duras críticas a Donald Trump por causa das expulsões em massa de imigrantes tanto ilegais como legais com base na sua etnia. Enquanto os MAGA se afirmam como nacionalistas “cristãos”; eles usam o nome de Deus para justificar pecados e trocam as cruzes pelas bandeiras. Pondo a nação acima de Deus com o seu ultranacionalismo e pondo o dinheiro acima de Deus com o seu capitalismo. O amor ao dinheiro é a raiz de todo o mal. Os MAGA manipulam cristãos, principalmente católicos, através de mulheres influencers a aderir à causa de Donald Trump, usando uma distorção dos valores cristãos e católicos; contudo os valores dos MAGA nada têm de católicos; apenas têm de valores políticos. Seguem homens e não Deus. Quando votam em Donald Trump; enquanto aplaudem Trump e não Deus; enquanto gritam “Make America Great Again”; fazem Jesus chorar lágrimas de sangue. Antes de Donald Trump não existia trumpismo, MAGA, wokismo, Black Lives Matter ou antifas. Trump trouxe isso tudo com notícias falsas, teorias da conspiração e desinformação. Trump foi quem criou todos os problemas e incentiva esta violência contínua entre extremos de direita e esquerda. Mas nem o ultranacionalismo ou a anarquia são a solução para uma alegada democracia cristã; que deixou de o ser a partir do momento que Trump pôs os pés na Casa Branca em 2016. Aliás, muitos cristãos abandonaram Donald Trump e os MAGA; e muitos cristãos se estão a unir contra Donald Trump e os nacionalistas cristãos. Inclusive existem padres católicos e pastores evangélicos que criticam Donald Trump. Donald Trump e os MAGA; violaram a liberdade de expressão; cancelando o humorista Jimmy Kimmel; sendo este despedido do canal onde estava, por este ter associado Tyler Robinson, o assassino de Charlie Kirk e filho de trumpistas aos MAGA e por ter criticado Trump de se aproveitar da morte de Kirk para se autopromover usando propaganda e estar mais preocupado com a construção de um salão de baile do que com a morte de um alegado amigo. Se estão tristes e revoltados com a morte de um pai de família; mesmo que sejam contra a sua ideologia ou as suas crenças. Lembrem-se que não foi apenas Tyler Robinson, o responsável pela sua morte; Donald Trump, o trumpismo, o ultranacionalismo disfarçado de nacionalismo cristão e a discórdia entre ultranacionalistas e anarquistas também foram responsáveis. Os extremos políticos. Foram a extrema-direita e a extrema-esquerda que mataram Charlie Kirk. Donald Trump, o extremismo e o fanatismo mataram Charlie Kirk. Lembrem-se disso antes de se deixar ir por vinganças e extremismos. Sejam eles de direita ou esquerda. O terrorismo jiadista do Daesh não significa Islão. O KKK não significa Cristianismo. O sionismo não significa Judaísmo. Extremismo não é fé, é política revestida de religião. Isto não é uma luta entre religiões ou entre muçulmanos e cristãos. Isto é uma luta política entre a direita e a esquerda extremadas até ao cúmulo. E com mortes pelo caminho. Pray for Minneapolis.
Fernando Emanuel Pinheiro
Brejos de Azeitão, 11 de Setembro de 2025.



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