Estava ela toda contente exibindo um boné
da mesma marca que o seu amor exibia. Ela adorava aquele rapaz, ou melhor,
aquela personalidade. Ela achava-o inteligente e culto. Ela ficava fascinada
com a quietude que ele exibia. "Tu
estás sempre tão calmo..." A paciência dele parecia infinita. Ela
gostava de ficar sentada à sua frente e olhar para os seus belos olhos, nesses
momentos ele adorava observar o olhar de apaixonada que ela emitia e o falar
silencioso que ela enunciava. Os olhos dela diziam mil verbos e elogios. Eram
olhos que transbordavam alegria imensa. Ele sentia um elo enamorado que como um
espectro electromagnético penetrava nos olhos dela, como se fosse um vampiro,
não um que se alimenta de líquido carmesim, mas sim um que se sustenta de afecto
e de uma vontade irresistível de realizar os sonhos e desejos que ela tinha.
Vendo que falava silenciosamente com o olhar, mas a sua boca não emitia nenhum
som, ele perguntava: "Queres
dizer-me alguma coisa?" Ela, corada, dizia: "Não, não..." Ela vendo que tinha sido descoberta e vendo o seu
coração generoso demasiado aberto, tentava meter conversa sobre um assunto do
interesse dele, o que era facílimo, ambos tinham os mesmos interesses. Assim
ela podia manter a sua paixão como secreta por mais um tempinho. Ela
lembrava-se dos olhos dele durante o tempo todo, ela via-os no espelho, na
janela, na televisão, nas aulas ou a jogar. E até nas redes sociais ela via-os,
ainda por cima! Óbvio, ela viu a fotografia dele do perfil internético deste.
Quando tinha saudades dele, era dos olhos dele que tinha mais saudade. Ela
amava-o e tinha a sensação que o sentimento dele era o mesmo. E era. Ele
adorava-a e as saudades dele eram tão fortes como as dela. Ela queria-o, ele
queria-a. Mas não tinham tempo e o destino, esse malvado, parecia querer
condená-los e mantê-los afastados. Uma vez ela foi a Barcelona, e imaginou que
gostava que ele estivesse ao lado dela e ver o que ela via. Em parte ele
esteve, pois ele, apesar de longe, também estava a pensar nela. O amante dela era
como se fosse um espectro esvoaçante e ela sentia-se assombrada durante os seus
sonhos nocturnos, sonhos de amor e paixão. Ela queria-o, mas não o podia ter.
Mas ela conseguiu uma coisa. Ela tem o amor, a paixão e a saudade dele. Ela tem
o Coração dele. Amo-te. Tenho saudades tuas. Sempre terei. Foste-me muito.
Fernando Emanuel Pinheiro, Quinta do Conde, 15 de Janeiro de 2021
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