No dia 29 de Janeiro de 2021, foi aprovado no Parlamento português a despenalização da morte medicamente assistida ou sem eufemismos politicamente correctos, a eutanásia. A eutanásia é morrer com dignidade e com o aval do doente, a boa morte, em oposição à distanásia, a má morte, que é morrer involuntariamente, sem dignidade e por vezes de uma maneira violenta. Um exemplo não-médico de eutanásia é quando durante uma guerra um soldado fica estropiado e numa situação de agonia constante e sem salvação possível pede ao seu camarada para acabar com o seu sofrimento, o chamado golpe de misericórdia. Pois esse acto era visto como misericórdia pelos combatentes e era uma questão de honra. Vou ser sincero, a eutanásia é um tema seríssimo e nem sempre tive a mesma opinião do assunto-tabu. Inicialmente não concordava com a eutanásia durante a minha adolescência (à semelhança do aborto que agora sou a favor caso seja um embrião não-formado de poucas semanas e sem consciência) pois não sabia o que era e o que sabia era baseado em influência de preconceitos. Actualmente como adulto, sou a favor da eutanásia desde que seja com a aprovação do doente consciente, com dignidade, vigiado (e feito) por um médico formado e apenas em casos extremos de doença grave onde não há cura ou esperança de recuperação, onde existe um sofrimento constante e atroz; e em caso de morte cerebral. Atenção, eu considero que os cuidados paliativos fazem um excelente trabalho, mas acho que prolongar o sofrimento dos doentes moribundos ou deixá-los ligados às máquinas durante anos mesmo se o enfermo tiver tido morte cerebral, logo já não possui consciência, é de um desvergonhado egoísmo. A vida apenas pertence à pessoa que a possui e é ela que deve escolher se quer morrer ou viver e não outras pessoas. O ser humano é dotado de livre-arbítrio e essa sua qualidade deve ser respeitada. Nós temos o direito de não sofrer e viver com dignidade até morrermos. Não respeitar isso é uma violação dos Direitos Humanos e da liberdade de escolha. Uma escolha por um fim digno.
Quinta do Conde, 03 de Fevereiro de 2021.
Fernando Emanuel Pinheiro.
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