Não sei o que disse.
Pensamentos.
Mágoas.
Não queria.
Bem me querias.
(Porque o disseste?)
Não sei.
Medo.
Medo do futuro.
Perdi tudo numa semana.
(Não perdeste.)
Será?
Paredes brancas.
Alvo tecto.
Olhares aflitos.
Montes de cartas.
De aflições.
Pena.
Desconfortável fico.
Eu apenas sinto dor.
E no seio das multidões de amigos, familiares, conhecidos e anjos da vida e da morte.
Sinto-me só.
Montes de cartas e aflições.
Pena.
Sinto pressão e cansaço. Pressão para melhorar.
Querem que volte.
Pressão para melhorar.
Sinto-me só.
Cansaço.
Eu apenas sinto dor.
Gritei.
Nesse momento perdi tudo.
Já tinha perdido o corpo, agora perdi o sonho.
Bem me querias.
Duras palavras foram ditas.
As palavras quando são farpas doem.
Nada disseste, desapareceste.
Estranhei, chorei.
Arrependimento.
Perdi a alma.
Perdi tudo numa semana.
Perdi o corpo, o sonho e a alma.
Mal me sinto.
Grito, mas nenhum som sai.
Pi, pi, pi.
Chega.
Pi, pi.
Quero sair daqui.
Ajuda-me.
Dói tanto.
Durmo, penso naquilo que disse.
Nada dizes, mágoa sei que ficou em ti.
Acordo, está escuro; oiço o infernal som.
Saio, digo chega; não quero mais.
Dói, mas saio na mesma.
Não dá.
Fujo do invólucro.
Para o corredor bege me dirijo.
Pânico, preciso...
De ar!
O que foi que disse?
Bem me querias.
Perdi tudo.
(Não perdeste.)
Não?
(Aceito o teu cansaço.)
(Aceito o teu grito.)
(O grito de uma estrela cheia d'alma.)
Fernando Emanuel Pinheiro
Brejos de Azeitão, 09 de Fevereiro de 2024.
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