A minha posição (sim, eu sou uma pessoa que tem posições em relação a tudo nem seja a sua ausência de opinião, sim eu sei, é um oxímoro) em relação à tourada, é que sou contra o uso de bandarilhas no lombo taurino. Para ser sincero, a situação da tourada, se sim ou se não, resolve-se com uma lei muito simples. Proibir as touradas não é solução, pois os aficionados não gostariam. Mas permitir o uso de bandarilhas no lombo do touro (sou lisboeta escrevo touro e não toiro) é tortura lúdica para o bel-prazer de milhares espectadores n'O Anfiteatro da Dor, e não agradaria a quem acha que maltratar animais para fins lúdicos não é ético. Por isso deve existir o meio-termo e criar uma lei nesse sentido. E a lei muito simples que iria resolver esta alegadamente complexa questão, pois parece mais uma questiúncula, é simplesmente proibir o uso de bandarilhas mas deixar a tourada continuar a existir mas sem a morte do touro na arena e sem as bandarilhas. Esta solução, a única possível, iria agradar a Gregos e Troianos. Vivemos numa Democracia e por isso quem ganha é sempre a maioria, digam o que disserem. Existem vários mitos sobre touros e a tourada, entre eles que sem a tourada o touro-bravo se extinguiria, não é verdade, o touro-bravo só se extinguiria se ficasse sem o seu predador natural, o Homem. Se o Homem não comer carne de touro, a população taurina aumenta e estes comem a vegetação toda, havendo mais touros que o seu alimento, as plantas comidas pelos touros extinguiam-se, não havendo comida suficiente para os touros, os touros com fome extinguiam-se também, logo os predadores servem para controlar a população dos herbívoros. Sem leões, a zebra não existe; sem o Homem, o carneiro não existe; sem lobos, o veado não existe; mas a tourada em si em nada contribuí para a permanência ecossistémica do touro-bravo. Outro mito é que o touro não sente dor, que é um mito estúpido para ser sincero mas este mito aparentemente existe, e ao contrário do que se diz, o touro sente dor como todos os animais sentem dor, como nós sentimos dor, pois também somos animais e mamíferos, ainda por cima, como o touro. O touro ataca o toureiro não porque está no seu instinto animal atacar pessoas sem motivo ou porque alegadamente vê uma determinada cor (depois vão ler porquê) mas sim por sobrevivência porque pensa que vai ser comido (e vai) e porque sente uma dor atroz sempre que lhe é espetado uma bandarilha no lombo. O touro pensa que as bandarilhas são os dentes do toureiro e que o toureiro é um predador, então o touro defende-se usando as suas armas naturais, os cornos. Portanto o touro sente dor; e o próximo mito é que o touro ataca quando vê vermelho. Falso. O touro nunca poderia atacar ninguém porque vê vermelho ou até cor-de-rosa. Porquê? Porque o touro é daltónico... Os touros ao contrário de nós, têm visão monocular e vêem a preto-e-branco. Os touros atacam o toureiro, simplesmente porque não estão interessados em virar hambúrguer de touro. Acho que não posso ser mais directo do que isto. A tourada é cultura? Sim mas ninguém disse que todas as culturas ou tradições são boas. Os antigos Gregos tinham como tradição a escravatura de povos conquistados, mas isso é mau (excepto para a economia helénica da altura, mas não vamos por aí) do ponto de vista ético do século XXI. Muda-se a moral mudam-se as tradições de acordo com a moral vigente. Simples. E as bandarilhas cheiram muito a monarquia absolutista e setecentista, cheiram a velho. Mais, as bandarilhas não servem para nada. Velhas e fúteis, as bandarilhas são. Muito boas elas são. Só se for para o lixão.
Fernando Emanuel Pinheiro
Lisboa, 03 de Dezembro de 2018.
Comentários
Enviar um comentário